sexta-feira, novembro 11, 2005

Como foi....

Como o meu subconsciente adora pregar partidas e apagar alguns ficheiros da minha memória, resolvi, correndo o risco de já não me lembrar de muita coisa, relatar a história do parto e pós parto da Leonor. Deverá ter alguns erros porque reler ainda me custa.
Foram uns dias muito longos e bastante dolorosos para mim, pai babado e claro restante família.
Ainda hoje temos dificuldade em falar daquela situação mas o tempo cura tudo não é?

Aviso que o texto é extenso, mas fi-lo porque para mim é tudo importante.

Começou tudo na sexta-feira, dia 8 de Julho, de manhã. Tive consulta no HSFX de manhã, a médica tinha dito na semana anterior que seria para fazer a indução. O Miguel e a Lena (grande amiga e quase a ser enfermeira) foram comigo e a família estava já avisada e a caminho do Hospital.
CTG óptimo...muitas contrações.
Toque...nem por isso, cólo muito fechado. Perguntou-me o tempo de gravidez....fez as contas todas num papel e confirmou o que estava mais que confirmado...estava com 40 semanas e 6 dias.
Passou-me uma carta e disse-me que se até ao dia seguinte não tivesse sinais de parto, fosse às urgências com aquela carta. Posteriormente abri, porque nunca cheguei a entregá-la e dizia que deveria ser reavaliada.
Marcou-me consulta para 11 de Julho, segunda-feira, mas disse-me que não me queria ver lá (e eu também não)....mas acabámos por nos ver na mesma, mas tudo a seu tempo.

Saí triste da consulta mas consciente que a minha bébé iria sair o quanto antes nem que tivesse que trepar montanhas.
Como a médica disse-me para fazer tudo o que era suposto não fazer por estar grávida, lá fomos os três fazer um circuito de corta-mato no Jamor. Grandes malucos! Era supostamente o que aquela gente com que nos cruzamos, pensava.
Subir, descer troncos, escadas, saltar, baixar e sempre com a ajuda incansável da Lena e do maridão.
Dia de muito calor....suávamos por todo o lado....eu inchadissíma, de chinelo de praia e com a barriga a ficar muito rija e com pouco espaço de tempo de intervalo.
Fomos almoçar a casa, onde já estavam os meus sogros e a minha mãe.
Mas não me podia demorar, tinha de andar mais.
Resolvemos que depois da esfrega do Jamor, ia ao HSFX novamente para me fazerem novo toque na esperança que tivesse evoluído.
Eram umas 3 da tarde...atende-me uma doutora muito simpática...penso que brasileira pelo sotaque que tão bem disfarçava.
Toque...colo do útero fechado permeável a um dedo.
Só um dedo??? Aiiiiii
Fez-me o CTG e como ela chamava ao meu gráfico...Coisa linda!
Leva-me à janela e mostra-me a mata de Monsanto...ali bem encostadinha ao Hospital.
"Vais para ali andar muito, daqui a uma hora vens cá para eu te observar de novo."
Se alguém quiser uma visita guiada à Mata de Monsanto é só dizer...sou uma óptima guia.
Lá fomos...eu, Miguel, Lena e a minha mãe.
Esta última só se ria da nossa figura. Ficou com o Miguel a observar-nos, sim porque o meu maridão já estava de rastos :)
Eu e a Lena andávamos.
Já diziamos na brincadeira que ela é que estava com a dilatação toda e nem grávida estava.
40 minutos passados e fomos para as escadas em frente às consultas externas.
Perdi a conta ao número de vezes que subi e desci aquelas malditas escadas.
Fui ter com a doutora. Novo toque....colo permeável a um dedo...quase dois.
Só???
Disse-me que aquele dia se avizinhava caótico mas como tinha uma cama ainda, ficava internada.
Obrigado, doutora...lá vamos começar a indução!
Mandaram-me fazer 2 microlax e vestir a camisa sexy do hospital.

A Leonor andava aos pinotes na minha barriga....barafustava comigo por me ter cansado tanto.
Eu só queria era vê-la cá fora mas chegadas ao quarto, onde estavam mais duas grávidas, disseram-me que a indução iria ter início no Sábado logo de manhã.
Pensei que até era bom só começar no dia seguinte...para mais se a situação avançasse eu achava que não tinha forças, de tão cansada que estava...ou teria?
Puseram-me a soro, ligaram-me ao CTG e fiquei a ouvir a minha bébé muito tempo.
Enquanto isso ouve conversa no quarto.
A grávida ao meu lado, tinha feito a amniocentese e estava em repouso....era o seu terceiro filho e último, porque o seu corpo estava a criar anticorpos que rejeitavam o feto.
A outra grávida, estava à espera de gémeos, com 12 semanas teve um deslocamento da placenta...repouso absoluto até aos sete meses de gravidez.
A da minha frente entrou já depois de eu cear (bolachas e leite), e vinha de um dia em cheio, de indução. Ela vinha triste....não tinha dilatação e as contrações que tinha eram fracas e inconstantes.
Fiquei também perita em ler gráficos de CTG :)
Ela deitou-se e não disse nada.
Dava para sentir que estava triste....e eu pensava que devia ser horroroso estar um dia inteiro à espera e nada acontecer.
Mal sabia o que me esperava.

Sábado de manhã. Pensava eu que a indução começaria cedo, mas lá para as 10:30 é que apareceu uma médica que me fez o toque e mandou começar a indução com ocitocina.
Eu estava ansiosa. A Lena, como é estudante de enfermagem, pode entrar de manhã e ficar comigo. Diziam-me todos que agora iria começar as dores a sério.
Às 2 da tarde chega o marido e fica a torcer comigo para que seja depressa, do outro lado da cama.
As horas iam passando, com muitos toques pelo caminho, análises tiradas, medições de tensão e nada de dilatação.
A C. (a que estava à minha frente) está com dois dedos de dilatação, chora e vomita. Que sorte pensei eu....ela já tem dores!
Foi para a sala de partos e eu fiquei, depois de ter sido observada e nada. Nem uma dorzinha.
Lá para as 8 da noite pararam a indução. Assim sem mais nem ontem.
Mas porquê? Porque não continuar e se tiver que ser de madrugada...é. Eu não me importo!
O Miguel e a Lena não se queriam conformar e foram atrás da doutora no piso de cima.
Nada feito. Quando chegou uma nova enfermeira (mudança de turno) perguntei-lhe porque é que não continuvam a indução, ao que ela me respondeu que depois não havia anestesista para dar a injecção.
Lá me conformei, para mais a C. também só evoluiu para parto no 2º dia. Fiquei ligada ao CTG mais umas boas horas e finalmente trouxeram-me um chá e umas bolachas para comer.
Apesar de me doerem as pernas lá vou dar uma volta pelo piso. Agarrada ao meu "amigo" soro.
Tinha pedido ao Miguel para saber notícias da Rita no blog e ele tinha-me dito que a Beatriz já tinha nascido.
Lá fui eu....fui ter com a enfermeira e perguntei pela Rita e pela bebé maior da maternidade.
Fui espreitar ao quarto e ambas dormiam que nem uns anjos.
Domingo.
Acordo e quero começar imediatamente a indução. Mas é Domingo...ou seja....é preciso ter calma...muita calma porque o pessoal é pouco e os médicos têm mais que fazer.
Apareceu-me um doutor lá pelas 11 horas e depois de me fazer o toque e como estava tudo muito verde, resolveu colocar-me uns comprimidos no colo do útero para ver se amaciava a coisa.
E fiquei assim ligada ao CTG, com o soro que não me largou desde que o início e à espera. Sempre à espera.
Tive uma visita muito boa da Rita e da Beatriz no quarto. Apesar do parto doloroso que ela teve, a Rita andava relativamente bem e com a sua filha bem grande ao colo.
Ela pôs a Beatriz junto à minha barriga para incentivar a Leonor a sair cá para fora. Foi muito bom!
Tive as visitas das praxe, o marido que não me largou....tudo a stressar. Já se falava com pessoas conhecidas que podiam ajudar, etc. Eu estava calma e serena sem uma dor e com muitas contrações.
Ao final da tarde a enfermeira veio medir a tensão. A máquina apitou. Desligou a máquina, mediu a tensão às restantes pacientes e voltou a medir a minha. A máquina volta a apitar, ela pergunta como me sinto, eu digo que estou calma e o meu marido pergunta o que está a acontecer...ela diz que o meu batimento cardíaco está a 50. Isto quer dizer que eu estava quase a ir desta para melhor.
Passados cerca de 5 minutos, ou se calhar nem tanto, apareceram junto a mim, 4 médicos (uma médica era aquela que me tinha visto na sexta de manhã) e a enfermeira, expulsaram as visitas e fecharam a cortina.
O médico tirou-me o tal comprimido que me tinha colocado no colo do útero e automaticamente a tensão começou a normalizar. Ainda veio outro médico, que depois soube que era de clinica geral para me auscultar mas parecia que estava a normalizar.
Neste dia despedi-me da minha irmã londrina...era suposto ela conhecer a sobrinha antes de ir embora.
Claro está que a partir daqui o meu sistema nervoso desmoronou. Chorei até não conseguir mais. O Miguel já não sabia o que podia dizer. Trocava mensagens de telemóvel com ele para que não me ouvisse a chorar...mas ele sabia.
Chamei a enfermeira, porque o soro estava a acabar. Como era mudança de turno, esperei 45 minutos para ser atendida, então deu-me uma fúria tão grande que tirei o CTG e saí da cama.
Sentei-me numa cadeira a ver TV e a fazer o sudoku. Até que se dignaram a aparecer no quarto. Levei um raspanete de todo o tamanho mas não me contive. Despejei a minha raiva na enfermeira e chorei até bastante tarde.
Segunda-feira. Acordei e mal conseguia abrir o olhos de tão inchados.
Pelo que ouvi das enfermeiras os dias de semana são melhores porque "entra um médico ao serviço que despacha toda a gente".
Vamos lá ver se me despacha a mim, pensava eu.
Viu a minha ficha, olhou para mim e disse: "Quero essa bebé daí para fora, hoje!"
Fiquei contente mas já estava de rastos. Queria ver a minha filha o mais depressa possível, mas parecia que os médicos não o queriam.
Pediu à enfermeira uma coisa enorme metálica, e disse que ia romper as águas.
E foi o que tentou não uma mas várias vezes e saiu talvez um copinho de liquido. Muito pouco.
A minha mão esquerda já estava uma bola e por isso o soro entupia e lá tinham que empurrar o soro. É uma dor que não lembra a ninguém...horrível.
Ele disse-me que daí a umas horas viria me ver outra vez e eu fiquei à espera e a lágrimas já não paravam de correr.
O M. chegou e via-se que estava muito nervoso...pudera...com o que tinha passado no dia anterior...soube depois que ele tomou um calmante para suportar mais um dia.
Eu já não tinha posição na cama. Ficava com as pernas e braços dormentes e o M. dava-me massagens.
Hora das visitas, Já ninguém se conformava com o meu estado....tudo estava revoltado com a equipa médica...porque é que não avançavam para a CESARIANA????
Inclusive a minha tia L. queria que eu saisse imediatamente daquele hospital e fosse para o particular.
E eu a desesperar com a espera.
Entra uma enfermeira, manda sair as minhas visitas e faz-me o toque.
Nada...tudo na mesma.
Diz-me para mudar de posição. Coloca-me o CTG e não se consegue ouvir a bebé.
Ela procura a posição...procura...até que se consegue ouvir qualquer coisa.
As visitas voltam a entrar.
Passados 2 minutos, deixo de ouvir a bebé novamente, o M. chama a enfermeira e esta olha para o gráfico e chama a médica de serviço....começamos a ouvir novamente o coração dela. A médica sai do quarto e acontece o mesmo, eu já gritava com o M.: "Chama a médica já".
Lá veio ela: "Não preciso de ver mais nada, é já para cesariana".
Uffffff....que alívio mas ao mesmo tempo uma aflição de morte.
A minha bebé está a sofrer......depressa tirem-ma daqui.
Daquele quarto até ter a minha bébé nos braços passaram-se 20 minutos. E foram os 20 minutos mais longos da minha vida.
Na sala de partos estavam todos à minha espera.
Pedem-me para virar de lado para me dar a epidural e chega uma enfermeira à porta que diz que tem de ser anestesia geral.
Discussão entre eles.
Decidem dar a epidural mas rápido.
O enfermeiro tenta uma, duas e à terceira consegue.
Amarram-me à marquesa tipo J.C. na cruz.
Eu sentia as minhas pernas dormentes mas sentia-as. Através do reflexo das luzes via que se estavam a preparar para cortar.
E cortaram.....senti tudo. É uma sensação horrível...parece que nos estão a cortar aos bocados mas não temos dores.
O enfermeiro dava-me festinhas na testa e perguntava como se iria chamar a bébé, o que eu fazia na vida, etc. E eu sempre a olhar para as luzes.
Até que vi uma cara espalmada....devia ser ela contra a parede da bolsa. E comecei a perguntar insistentemente pela bebé. Está quase...diziam eles.
Eu pedia para que fosse depressa...mais depressa.
Até que a tiraram e ouvi um som tipo aspirador. Olhei para o relógio e eram 16:35 horas.
Oiço chorar e choro também. Perguntei se estava bem e disseram-me que sim...mas eu queria vê-la.
Baixaram o pano mas não vi quase nada.
O enfermeiro pergunta de novo o nome dela e começa a declamar o poema de Camões.
Não conseguia parar de chorar até que ouvi uma enfermeira, aquela que estava a fazer os testes à Leonor a comentar com outra: "Olha só como este pequeno ser, acabado de nascer e já afasta o estetoscópio com as mãos".
Sorri. É a minha filha, sabe!
A Leonor berrava a belos pulmões.
Encostaram a Leonor à minha cara e falei com ela. Parou de chorar e olhou para mim...reconheceu-me.
Foi o momento mais lindo da minha vida.

A enfermeira que a tem ao colo pde-me desculpa por não ter posto a pulseira na Leonor mas que ia por quando saisse. Eu disse-lhe "não faz mal", porque conhecia a minha filha em qualquer lado do mundo, aqueles olhos ficaram tatuados na minha alma.

Levaram ela para conhecer o pai. Antes de entrar no recobro o enfermeiro pergunta-me se o meu marido é aquele senhor que está lá fora e que parece que lhe vai dar um treco. Eu acenei que sim e sorri. " Vou dizer a ele para vir vê-la antes que tenha que o pôr numa maca também".
Lá fui para o recobro......tremia de frio, tanto frio e de emoção.
Cheguei a pedir ao enfermeiro para colocar o aquecedor debaixo de mim, quando ele já lá estava na potência máxima e mesmo debaixo da marquesa. Não consegui dormir, só pensava na Leonor.
O M. chegou e diz que ela é linda.
Pois é. É nossa filha!

Ainda fiquei ali talvez uma hora ou mais, porque perdi a noção do tempo. Levaram-me para cima e fiquei na cama que a Rita tinha deixado nessa manhã, e colocaram-me a Leonor no peito. Ela não agarrava.
Tentei com os mamilos de silicone e depois de muito esforço, lá pegou e mamou em paz.
Levaram-na para o berçário naquela noite e dormi pela primeira vez, descansada.
Trouxeram-ma logo de manhã e tudo correu bem, até que ao final do dia, juntamente com o M. lá, disseram-me para me levantar.
Não conseguia. Tinha uma dor na nuca horrível. Pensei que fosse algum torcicolo por estar sempre a olhar para a Leonor.
O M. teve que me dar banho e voltei para a cama. Deram-me uns analgésicos mas não passava a dor. Só aliviava se mantivesse a cabeça sempre na cama....ora isso era impossível porque com uma criança que precisa de mama, mudar a fralda e colo era impossível.
A Leonor ia fazendo sonos muito longos de 5 horas e as enfermeiras chateavam-me...porque não queriam que ela estivesse mais de 4 horas sem comer. Ela já quase que não pegava na mama e tentar dar-lhe a dormir era tarefa quase impossível. Levaram-na para ver os níveis de glicémia...e estavam óptimos. O meu colostro era bem nutritivo.
De manhã continuava na mesma. A médica viu-me e disse que havia outra mãe que também estava assim, que tinha feito uma reação que só a uma pequena minoria é que acontece. Essa reacção à epidural fez-me ter cefaleias (enxaquecas) constantes ao ponto de não conseguir ter a cabeça levantada da cama.
E a Leonor exigia o que todos os bebés exigem...atenção, mimo, comida, fralda mudada, e eu a tentar dar-lhe mas a cairem as lágrimas de dor.
Receita de uma médica: três cafés e litros de água. Eu nem queria acreditar no que estava a ouvir. Sempre ouvi que não se deve beber muita água quando o leite ainda não subiu e muito menos beber café porque iria passar a cafeína para a bebé. Mas tinha que ser.
A Leonor começou a ficar impaciente durante o dia e comecei a sentir o peito muito quente, comecei a ter suores frios, não podia tocar no peito. A Leonor chorava....mamou durante uma hora e chorava. Teve desde as 2 da tarde até às 2 da manhã a berrar. Tentou-se dar o suplemento mas ela não queria. Viram o meu peito e não saia nada. Estava demasiado rijo e por isso a bebé não se alimentava como devia.
Eu estava desesperada, e a dor de cabeça não parava.
Passei a pior noite da minha vida.
No outro dia de manhã a médica viu-me e disse que iria chamar o anestesista.
E assim foi, passados 15 minutos aparece o anestesista (o meu salvador) com uma trupe de enfermeiros e disse-me que ia fazer-me um blood patch. Tudo bem...desde que me faça ficar boa.
Espetou-me uma agulha nas costas, depois de as ter pressionado com os dedos, pede à enfermeira não sei quantos ml de sangue e coloca esse sangue na minha medula.
Durante esta operação, ia comentando com as enfermeiras, talvez estagiárias, que aquela epidural tinha sido mal dada, que se fosse ele não era assim, blá, blá.
Mais tarde soube que o blood patch serve para preencher um local na medula que ficou com ar e isso é que provocava as cefaleias.
De seguida diz-me para ficar uma hora deitada na cama e sem me mexer....nem no telemóvel.
Passado uma hora, ele entra no quarto e diz para me levantar devagar. Levantei-me e por obra deste anestesista maravilhoso, as dores tinham passado, eu estava bem.
Finalmente ia poder pegar na minha bebé ao colo.
Finalmente ia poder dar de mamar sem ser deitada.
Finalmente ia abraçar o meu marido a sério.
Finalmente ia para casa
Finalmente ia deixar aquele quarto e parar de ver as mães irem para casa e eu a ficar.
Talvez por causa de todos estes estresses (é assim que se escreve em português, tenho que me habituar), não consegui dar mais peito à Leonor. Eu não conseguia descongestionar o peito, ela não conseguia mamar e começou a habituar-se ao suplemento.
Tive pena...queria tanto.
Deram-nos alta na sexta feira, 4 dias depois de Leonor nascer e oito dias desde que tinha dado entrada no hospital.
Era dia de greve geral e nem queriam pesar a Leonor. Mas pesaram :)
Disseram que não tinham os papeis da alta para me dar e eu disse-lhes: "Eu vou-me embora e é já....segunda-feira venho cá"
A Leonor passou o fim de semana completamente ilegal, sem quaisquer papeis a comprovar a sua existência :)

O alívio de chegar a casa foi enorme e alegria de ter a nossa filha nos braços, linda e cheia de saúde foi estrondosa.
Ainda pensamos em processar o hospital...mas eu já não podia ver mais aquele edifício. Quando saí de lá, tive a sensação que estava a sair de uma prisão e que lá tinha estado muito tempo.
Não tenho nada a dizer dos enfermeiros, foram incansáveis e tolerantes. A eles um obrigada.
Do pessoal médico, tenho alguns ressentimentos, deveriam ter avançado para uma cesariana logo no 2ªdia, quando senti mal e teriam evitado que a bebé entrasse em sofrimento. Mas se calhar a culpa é mesmo do sistema!
Uma coisa tenho a certeza, não terei mais filhos num hospital público sem o meu médico a acompanhar e epidural...nem vê-la.
Não se consegue ter descanso com mais duas pessoas no quarto com os seus respectivos bebés. Dei em doida, quando a Leonor dormia e era acordada com o choro de outro bebé. Não há descanso, não há calma e principalmente não há privacidade. Quanto à epidural, não há mais palavras.

Obrigada a todos os que me apoiaram. Foram muito importantes para mim.
O que me ajuda a esquecer tudo isto é a minha filha Leonor que dorme aqui o meu lado que nem um anjo e o meu marido que sobreviveu a tudo isto sempre com uma palavra amiga e muito carinho.
Amo-te Miguel e Leonor.

19 comentários:

PedraNitas disse...

Fiquei estupefacta com o teu testemunho. Deve ter sido preciso muita força para aguentar esses dias dificeis. Mas a tua Leonor ficou sem sequelas do mau atendimento que vocês tiveram, e isso é o que realmente importa.

Beijinho enorme para as duas

Sandra

margarida disse...

Não pude evitar uma lágrimazinha de comoção ao ler o teu relato. É uma pena que um momento tão bonito como o nascimento dos nossos filhos tenha que ficar marcado por tantas más recordações. Eu tenho dois filhotes e, quanto a isso, sou uma priveligiada. O Pedro demorou 6 horas a nascer e o André 2 horas! Foi num hospital particular, mas isso por vezes não quer dizer nada.
O que interessa agora é que tens a tua Leonor ao teu lado. Que a tua má experiência não seja motivo para deixares de dar pelo menos mais 3 ou 4 manos à Leonor!
Bjinhos e desculpa o comentário longo...
Margarida n

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
InêsN disse...

ana, nunca imaginei...
:o(

mas olha...eu estive num quarto com mais 3 mães/filhos, levei a epidural e tudo correu bem...deve depender, acima de tudo, das equipas médicas!

acho que o melhor é mesmo tentares pôr esses maus momentos para trás das costas e gozares ao máximo a tua menina linda...

tenho muita pena que tudo tenha corrido mal...mas tu és uma valente!!

Um beijo grande!!

Mamã artesã disse...

É impossível. Não consigo mesmo ler os vossos relatos dos partos sem chorar. Mas o teu foi mesmo aquele que mais me fez chorar por ter sido tão doloroso. Realmente... Porque não te fizeram logo a cesariana? Acho que não deixava passar isso em branco e avançava mesmo com um processo contra o Hospital. São processos morosos que podem até não dar em nada mas, pelo menos, sabias que tinhas tentado.
Jocas gandes
Sofia

Rita disse...

Sabia que tinha corrido mal, mas nunca pensei k fosse assim...
Mas agora já passou e a Leonor é uma menina linda e tenho a certeza k compensa todas as coisas más :-)
Beijinhos e parabéns pelos 4 mesinhos!

Lúcia disse...

Deve ter sido realmente emocional e psicologicamente perturbador. Eu estive 2 dias num Hospital particular, num quarto sozinha e sempre com o meu marido comigo e esses dois dias parecerem eternos.
Mas tudo passa, o principal motivo de tanto sofrimento compensa e muito.
Parabéns à linda Leonor e à valente mãe.

Licas disse...

1 beijinho. É engraçado como as nossas experiências condicionam as nossas opiniões.
bjx, licas

PM disse...

Eu até fico parva com estes casos!!!
Não dá para entender certas atitudes, não dá mesmo!!!
O que vale é que tens uma filhota linda e saudavel!!! Tudo acabou bem amiga!!!
Beijocas enormes para vocês

Raquel disse...

Chiça!!
Que tormento!!
Ainda bem que tudo passa e agora tens a tua filha bem de saúde e linda ao p+e de ti...
Mãe sofre...
Beijocas

Mocas disse...

Querida Ana

Fartei-me de tentar comentar ontem, mas não consegui. Não abria, não sei porquê...Fiquei impressionada, foi uma autêntica tortura. E sabes, acho que a Inês tm razão, estas coisas dependem muito das equipas médicas! Coitadinhos de vocês...ainda bem que o desfecho foi o melhor do mundo :)

Muitos Beijinhos
Mocas

Anónimo disse...

Tadinha, da minha maninha.
Realmente foste e és uma pessoa muito forte, pois nunca transpareces-te para nós o teu sofrimento.
Obrigada por seres assim,~
Beijos
Guida

Anónimo disse...

Foi com um nó de emoção que li o teu post. Tantas coisas que poderiam ter sido evitadas, tanto sofrimento desnecessário num momento que deveria ser de pura expectativa e felicidade. Para evitar situações como as que tu passaste é que eu antes de engravidar fiz um seguro de saúde de modo a ter o parto num particular que eu soubesse à partida ter as devidas condições para puder socorrer a bebé no caso de correr alguma coisa mal.
Tenta guardar o que de melhor houve desses dias que foi o receberes finalmente a tua princesa nos braços.

Ana disse...

E o mais engraçado de tudo é que eu tinha um seguro de saúde que podia usufruir e não o fiz.
Agora arrependo-me mas como sei que os particulares, se ocorrer algo com a bebé, é enviada para o público, preferi ter num hospital público e assim ficava sempre com a minha bebé.
Coisas do destino

Besnika disse...

Ana querida...
Presenciei efectivamente muito deste teu período doloroso e do Miguel!
Não foi fácil para vocês e nem para a pequena Leonor.
Mas tenho que vos dar os parabéns pela forma como geriram a situação!
Desculpa as maratonas malucas que fizemos juntas... Não esqueço o que me disseste "Vais ver quando chegar a tua vez, obrigo-te a fazer o mesmo que fizeste comigo. E a Leonor também se vai lembrar"!

Foste muito corajosa e, agora tens uma menina linda para amar...
Parabéns a todos.
Beijinhos

Natércia Charruadas disse...

Não consegui ler o teu relato sem chorar. por um lado porque deves ter sofrido muito e por outroporque tem muitas semelhanças com o que me aconteceu. Também eu ainda não consegui escrever sobre o sucedido. Também eu não percebo porque temos de esperar pelo sofrimento da nossa bébé para ter uma cesariana. também eu digo epidural nunca mais. E também eu digo m"#"## para o sistema. Para mim, púlico nnca mais. Nunca mais jogo à roleta russa com a nossa vida (podia ter tido uma boa equipa, mas a sorte não quis).
Estou solidária contigo. Percebo a tua revolta. Um grande beijinho.
Ah, nisto tudo também o maridão foi um herói e o meu pilar e a minha menina a minha força. O Amor ajuda a suportar tudo.

Anónimo disse...

olá...

Hoje foi a primeira vez que descobri o teu blog e ao pesquisar deparei me com este texto.
Sofres te muito no teu parto realmente, nem parece que estavas num hospital. Mas depois de veres a tua filha deves dizer que valeu a pena, pois é uma boneca.
Eu tambem tenho uma a Mariana com 2 meses.
Se quiseres visitar estou em
perdidosemafrica.blogs.sapo.pt

Susana Rodrigues disse...

Obrigada pelo teu testemunho. Lamento o que passaste no HSFX e de facto, só vem confirmar a minha ideia fixa em parir no privado (estou a tentar engravidar, reza por mim, se puderes). Também pertenço a esse hosp e se a ideia que tinha dele já não era boa... agora piorou um pouco. Realmente, NÃO SE JUSTIFICA O SOFRIMENTO ATROZ por que passaste, quando tudo poderia ter sido resolvido em 20 minutos...

Um beijo grande desta desconhecida
Susana

Anónimo disse...

http://prixviagragenerique50mg.net/ prix viagra
http://prezzoviagraitalia.net/ costo viagra
http://precioviagraespana.net/ viagra precio